CRÍTICA | ‘Maligno’

Paulo Cardoso Jr.

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11 de março de 2019

Crianças podem ser sinistras sim.

É tanto filme de terror que vi pelo BLAH!ZINGA que acho que já tenho até alguma entidade me acompanhando! Brincadeiras à parte, Maligno (The Prodigy) faz parte de um subgênero dos filmes de terror/suspense, que é o das “crianças sinistras ou possuídas”, como é o exemplo de muitos outros como “Anjo Malvado”, “A Profecia”, “A Órfã” e “Caso 39”. A criança maligna, no caso, é o menino Miles (Jackson Robert Scott), que, meses após o nascimento, começa a apresentar um comportamento muito singular, mas que é comum em crianças prodígio. Miles apresenta excelente coordenação motora, raciocínio lógico acima da média e começa andar e a falar bem mais cedo que qualquer criança. Tudo seria maravilhoso demais se não fosse pelo comportamento igualmente estranho do menino frente a algumas situações corriqueiras na escola com os amigos, de enfrentamento com a babá, ou até mesmo sozinho.

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Para filmes com crianças darem certo, é fundamental que o ator mirim tenha uma boa atuação e, nesse quesito, podemos dizer que Jackson Robert Scott cumpriu sua parte. O ator já havia participado do terror “IT: A Coisa” (2017), e, em Maligno, consegue mesclar momentos de ternura com olhares muito sinistros. Infelizmente, a outra metade para que o longa seja um sucesso (roteiro e atuação dos outros personagens) precisa estar igualmente boa, mas não acompanham o jovem talento.

A mãe, Sarah (Taylor Schilling), e o pai, John (Peter Mooney), parecem ter uma relação bastante franca, se amam muito e conversam sobre tudo, mas, justamente quando os dois começam a notar algo de estranho no filho, ficam com medo de dividir a informação. A mãe, que passa mais tempo com o filho, sabe que há algo de errado com o menino, mas não comenta nada com o pai.

Foto: Imagem Filmes / Divulgação

Depois de muito relutar e ficar quase sem esperança por explicações sobre o comportamento estranho do filho, o próprio relata que ouve vozes e que elas o forçam a fazer coisas que não quer. Nesse momento, Sarah resolve levá-lo a um terapeuta. Arthur Jacobson (Colm Feore), o profissional indicado por uma professora de Miles, acredita que ele possa estar passando por um processo de reencarnação de alguma alma que quer tomar o seu corpo.

Maligno, que vinha até de certa forma morno, chega ao seu clímax e a sessão de terapia entre Miles e Arthur é a melhor cena com toda a certeza. Talvez tenha sido a parte de maior desafio para o jovem Jackson Robert Scott durante toda a película. A frieza no olhar e o embate com as argumentações do médico impressionam. Daí para frente já sabemos que boa coisa não virá. O final não chega a ser previsível, mas é uma possibilidade lógica que foi bem trabalhada.

Foto: Imagem Filmes / Divulgação

Entre mortos e feridos, o que ficou foi mais um bom filme de suspense, com terror psicológico, mas sem monstros, zumbis, encarnações demoníacas, ou coisas do tipo (inclusive o terapeuta Arthur Jacobson diz qual a diferença entre possessão e reencarnação para tentar acalmar a mãe do Miles).

Dos mesmos produtores do “O Exorcismo de Emily Rose” e “Número 23”, já era de se esperar algo sinistro, mas, dessa vez, sem muitas estrelas no elenco, tanto que Maligno teve um orçamento de US$ 6 milhões. Apesar disso, teve uma boa aceitação do público norte-americano, pois, só no mês de fevereiro, já havia faturado quase US$ 20 milhões, sinal de que esse tipo de filme com crianças sinistras ainda tem mercado. Depois de uma abertura com ritmo forte, o longa demora a empolgar, mas nada que prejudique o resultado final. Não é uma obra-prima, mas tem o seu valor e também deixa um gancho para uma possível continuação. Até a próxima.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Prodigy
Direção: Nicholas Mccarthy
Elenco: Taylor Schilling, Brittany Allen, Jackson Robert Scott
Distribuição: Imagem
Data de estreia: qui, 14/03/19
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Ano de produção: 2018
Duração: 132 minutos
Classificação: 16 anos

Paulo Cardoso Jr.

Jornalista formado pela PUC-RJ e Pós Graduação em "Comunicação com o Mercado" pela ESPM-RJ.
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