CRÍTICA | ‘O Futuro Perfeito’ é uma experiência vaga, mas serve como utilidade pública

Alê Zephyr

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4 de julho de 2017

Nele Wohlatz, a diretora de O Futuro Perfeito, é nascida na Alemanha e se mudou para a Argentina. Ela contou em entrevista que após três ou quatro anos inserida nessa nova cultura, ainda sentia-se perdida, e foi assim que a ideia para o filme surgiu, sendo bastante autobiográfico, pois ela também incluiu o fato de dar aulas de sua língua natal, o alemão, para argentinos, mas aqui são aulas de espanhol para uma chinesa. Em resumo, ela fez esse longa sobre ela e, aparentemente, para ela.

O Futuro Perfeito é um filme sem trilha sonora, somente uma música nos créditos finais e apenas dois personagens com nome, sendo o restante do elenco representativo. Ele não conta com cuidados especiais com a fotografia, enquadramentos, ritmo, cenografia ou figurino, e talvez seja essa a explicação para o nome do longa: no futuro, tudo será perfeito, mas só no futuro mesmo. Por enquanto tá sem graça.

Eu sempre tomei o cuidado de não dar spoilers em minhas críticas, mas preciso abrir uma pequena exceção nesse caso. Prometo que não vai interferir muito na experiência de quem for assistir, mas será importante para você que está lendo, ter uma noção mais exata do perfil dessa obra.

O que acontece é o seguinte: A proposta do longa é abordar a temática da migração de pessoas para outros países e contar a trajetória de Xiaobin, uma chinesa de 17 anos que vai ao encontro dos pais que moram na Argentina. Agora, o interessante é que em nenhum momento é revelado o motivo exato dela ter resolvido ir morar com os pais, e quando chega lá, descobrimos que o intento do casal é juntar dinheiro o bastante para… Tcharãm: voltar para a China!

O segundo personagem com nome é Vijay, um rapaz indiano que conhece Xiaobin em uma ida ao supermercado onde ela trabalha. Durante suas aulas de espanhol, Xiaobin é entrevistada e situações hipotéticas sobre um romance com Vijay são questionadas a fim de que ela possa praticar sua nova língua de maneira criativa. E é assim, enquanto ela conta o que imagina, que boa parte do filme se desenrola, o que me lembrou o final de “Crepúsculo”, aquela grande guerra que, no fim, é só uma visão. Essa, por sua vez, foi uma saga de grande sucesso, mas não sei bem se é um elogio dizer que o longa ao qual você dirigiu lembra justamente essa franquia.

Para finalizar, é importante destacar que o projeto, em geral, tem a utilidade pública de ajudar quem estiver precisando praticar seu mandarim e/ou espanhol, porém, a mais absoluta falta de complexidade me fez sair atônito da sessão. Foi uma experiência tão vaga que minha mente ficou meio que anulada por algum tempo, como se eu estivesse meditando. E seria apenas em nome desse imenso, ecoante e entorpecedor “Ué?” que eu indicaria O Futuro Perfeito.

TRAILER:

FOTOS:


FICHA TÉCNICA:
Título original: El futuro perfecto
Direção: Nele Wohlatz
Elenco: Xiaobin Zhang, Saroj Kumar Malik, Nahuel Pérez Biscayart
Distribuição: Zeta Filmes
Data de estreia: qui, 13/07/17
País: Argentina
Gênero: drama
Ano de produção: 2017
Duração: 65 minutos
Classificação: livre

Alê Zephyr

Alê Zephyr é um rockeiro e colecionador de biografias e livros de rock. Paulistano, sua profissão é barista, o especialista do café. Não se lembra quando nem como teve início sua paixão por artes.
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