CRÍTICA | Bonito, mas previsível, ‘O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos’ não define seu público-alvo

Giovanna Landucci

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1 de novembro de 2018

O Universo de Quebra-Nozes volta aos cinemas no live-action dirigido por Lasse Hallstrom e Joe Johnston. Em Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos (The Nutcracker and The Four Realms), uma produção adaptada da obra de Alexandre Dumas Pere, podemos encontrar a mágica do mundo Disney com alguns belos efeitos especiais, mas, ao mesmo tempo, um roteiro linear e algumas vezes previsível, porém, que encantará a criançada que presta muito mais atenção na beleza da composição do que na história e detalhes cinematográficos.

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Com uma trilha sonora encantadora, digna de apresentações de um balé clássico famoso produzida pelo compositor James Newton Howard e maravilhosos figurinos de Jenny Beaven, os personagens estariam prontos para embarcar em uma enigmática história. Porem, não é o que acontece. Com muitos elementos que relembram não somente o universo citado, mas também outras aparentes “cópias” de personagens, como, por exemplo, Sugar Plum Fairy (interpretada por Keira Knightley), que fica uma irmã siamesa da personagem Effie Trinket (de Jogos Vorazes, interpretada por Elizabeth Banks) em termos de figurino, maquiagem e, inclusive, a voz projetada de maneira aguda e irritante, que não funcionou bem aqui.

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Mackenzie Foy se destaca no papel e é uma das melhores coisas que acontecem na trama. Sua personagem Clara acaba de perder a mãe e recebe de seu pai um presente que ela deixou antes de falecer. Um ovo de prata esculpido que está trancado e ela não tem a chave. O ovo tem a letra “D” entralhada e ela logo remete a Drosselmeyer (Morgan Freeman), seu padrinho, um excêntrico construtor. Ela, então, o procura para ver se consegue a chave, porém, só recebe dele mistérios sobre o objeto. Em uma caminhada pela casa em um dia de festa, Clara está se afastando de seu pai e irmãos por estar relutante ao luto e segue um labirinto criado para as crianças se divertirem. No entanto, ela encontra uma passagem secreta que vai remeter diretamente ao mundo de Nárnia ou Alice no País das Maravilhas. Lá, a jovem conhece o soldadinho (Lil Buck), que passa a acompanhá-la durante todo o filme a partir do momento que descobre de quem ela é filha.

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Foto: Disney / Divulgação

A história acaba sendo um pouco óbvia e nada aplicada ao Natal, pois a única ponta natalina que a trama traz é a montagem da árvore e a entrega dos presentes que a falecida mãe havia deixado na véspera da data. Neste novo reino encantado, Clara acaba conhecendo muito sobre sua mãe e sobre esse lugar. O reino onde ela se encontra está em guerra com os demais, mas, em busca da tal chave, resolve seguir adiante. A partir daí, a aventura começa e a moça vai se separar com as ameaças que assolam os reinos encantados. Há muita referencia a outras obras da Disney, como, por exemplo, as escadarias que formam a simbologia de Fibonacci, lembrando a clássica animação com o Pato Donald que falava sobre matemática. Não somente isso, tudo é simétrico, proporcional, divino.

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As demais atuações são dispensáveis em termos de execução. A direção parece realmente falha (explico: Hallstrom foi demitido ao longo das filmagens e Johnston assumiu a produção em seguida, deixando os resquícios à mostra). Baseado em um balé de Tchaikovsky, que foi inspirado no conto do escritor E.T.A. Hoffmann, a essência da história na adaptação não foi mantida e não é nada mais que uma versão estendida para poder aplicar os belos propósitos de direção de arte e trilha sonora. Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos parece ter sido construído para adultos, mas com visual e diálogos fáceis de serem compreendidos pelos pequenos, que vão adorar ver seus personagens vivos – soldadinhos de chumbo, quebra-nozes e um ratinho muito esperto.  Só que, não vão conseguir acompanhar a parte da traição, guerra, conflitos e conjuntos dramáticos, fazendo com que se tenha dúvida de qual o público-alvo real do filme.

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Foto: Disney / Divulgação

De uma beleza estonteante, o longa agrada em termos de arte digital e efeitos visuais, figurinos e maquiagens, que criam cenários riquíssimos em cores, luz e sombra, inspirados no inverno da Rússia Imperial. O aspecto temático da trama, que tem poucos diálogos, prejudica os atores e deixam a película se transformar em algo somente para entreter. Não nos resta nada senão acompanhar uma roteiro que nos leva a um desfecho previsível. A fotografia criada por Linus Sandgreen é linda, porém, não auxilia a narrativa. No entanto, Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos é uma história repleta de mensagens bonitas, que, se a criançada prestar atenção – ou seus pais explicarem -, será bem interessante de absorver.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Nutcracker and The Four Realms
Direção: Lasse Hallström, Joe Johnston
Elenco: Keira Knightley, Mackenzie Foy, Helen Mirren
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 01/11/18
País: Estados Unidos
Gênero: aventura
Ano de produção: 2017
Duração: 101 minutos
Classificação: Livre

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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