CRÍTICA | ‘Talvez Uma História de Amor’ encontra seu equilíbrio na leveza com que aborda o tema

Giovanna Landucci

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13 de junho de 2018

Em Talvez uma História de Amor, o próprio título já diz que há clima de romance no ar, porém, até o último minuto não conseguiremos saber se vai dar certo essa história ou não.

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O longa começa com a narração de Virgilio (Mateus Solano), onde seu personagem se indaga sobre o amor, se alma gêmea existe. Nada clichê, o filme trata sobre um cara que, aparentemente, tem transtorno obsessivo compulsivo (TOC). É super organizado e sempre faz as coisas da mesma maneira, mantendo seu check list em dia. Hipocondríaco e bastante metódico, trabalha em uma agência de publicidade e tem ideias muito criativas, o que foge do contexto de alguém que seja tão exato e pragmático (ao longo da trama se entende de onde vem seu perfil criativo e porque ele optou por manter sua vida tão nos eixos, tão certinha, recusando, inclusive, uma proposta excelente de promoção por fazer seu imposto de renda sempre da mesma forma há 20 anos e não querer sair de sua zona de conforto).

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Um belo dia, Virgilio fica extremamente conturbado com uma mensagem deixada em sua secretária eletrônica por Clara, dizendo que ela terminava tudo com ele, apesar de ama-lo muito. E o grande dilema não seria o rompimento em si, mas por ele não saber quem seria essa mulher.

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Sem a memoria desse episodio “Clara”em sua vida, ele começa a ir atrás dessa resposta. Procura psicóloga, ajuda da vizinha, tenta ir de trás pra frente do dia em que disseram a ele que eles se conheceram, busca amigos para tentar descobrir quem ela é, pois não guarda nenhum registro mental, sequer fotos dela.

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A pergunta que não quer calar: quem levou Clara na festa em que teriam se conhecido? Para conseguir chegar até quem é Clara, ele corre todo esse percurso onde se conheceram para ver se consegue seu endereço, telefone e entrar em contato com essa mulher misteriosa que disse que ainda o ama na mensagem que deixou na secretaria eletrônica. As expressões faciais de Mateus Solano e a forma como ele caracterizou o personagem com uma veia cômica são excelentes! A participação de Bianca Comparato está interessante, já que ela deixou de lado toda a tensão que deixa explícita em sua caracterização em “3%” para viver intensamente a vizinha de Virgilio, que, inclusive, é uma das incentivadoras que ele vá em busca de Clara. E as cenas com o cachorro dela, que ouve Frank Sinatra, estão impagáveis! Me surpreendeu, em termos de atuação, o que revela uma excelente direção nesse longa-metragem.

Há uma bela cena montada com as lembranças de Virgilio, onde ele vai se lembrando da silhueta de Clara andando pela casa. Nessa cena, falta luz em seu apartamento (episodio cômico em que Virgilio acredita que vai morrer) e ele, então, pede uma lanterna à sua vizinha. Com os fachos de luz lançados pela lanterna, a silhueta de Thaila Ayala aparece em cada uma das partes do apartamento de Virgilio como se fosse uma imagem em marca d’água transparente. Ao som de Cherry Wine, ele vai se lembrando dela, de sua beleza, mas sem conseguir se lembrar de seu rosto, e no dia seguinte, vai continuando sua busca por ela.

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Aí, temos algumas falhas de roteiro ou elipses com grande lapso de tempo, pois Virgilio desiste de fazer o exame para avaliar sua cabeça e, nessa noite, olha para as imagens de suas radiografias e ressonância se perguntando onde estaria escondida Clara. Agora, no dia seguinte, ele em seu trabalho, está distraído e começa a se lembrar de partes da festa. À noite, em um sonho, consegue recompor algumas partes do sonho e essa cena também está bem construída. Ele aparece de pijama, mas também vê a si mesmo cumprimentando as pessoas e conhecendo Clara, mas não consegue reconhecer seu rosto.

Não irei contar mais detalhes para não estragar com spoilers essa trama tão envolvente e que merece ser assistida. De cômica e leve a equilibrada e romântica, Talvez uma História de Amor encontra seu equilíbrio na leveza com que aborda o tema do amor. Afinal, vale a pena fazer de tudo por amor? Por uma oportunidade de ser feliz e conquistar sonhos mas ao mesmo tempo deixar tudo que é confortável de lado? Essa é a pergunta que o filme nos deixa. E nos embalando com trilhas sonoras como Frank Sinatra, as músicas “Dirty Paws” e “Step Out”, canções atuais e modernas que contrapõem um pouco o perfil de Virgilio.

O plot twist é uma cena romântica que fará corações ficarem apaixonados por ser nada clichê. E ainda há cenas internacionais, nos Estados Unidos, em uma galeria de arte, com um tom de humor e brindados pela atriz Cynthia Nixon, que farão muita gente rir e querer alguém para viver talvez uma história de amor eterna.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Talvez uma história de amor
Direção: Rodrigo Bernardo
Elenco: Mateus Solano, Thaila Ayala, Bianca Comparato
Distribuição: Warner
Data de estreia: qui, 14/06/18
País: Brasil
Gênero: comédia romântica
Ano de produção: 2017
Classificação: 10 anos

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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