CRÍTICA | “The Get Down” é uma ode à música!

Bernardo Moura

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13 de agosto de 2016

Netflix, a senhora é feladapulta. Joga a bomba assim nas nossas vidas, após enrolar meses a fio, e quando finalmente libera o acesso, nos mostra apenas seis episódios? Absurdo!
O espírito olímpico está batendo na porta de cada um de nós, brasileiros e gringos, nos mostrando amor, garra, foco, perseverança e criatividade. A Netflix  não foge disso e nos apresenta um trabalho magistral após dez anos de pesquisa realizado em parceria com a gravadora Sony Music sobre o surgimento da cultura (e não só da música) do hip-hop numa falida New York dos anos 70, The Get Down.
“Nunca desista após ouvir o primeiro não” ou “em época de crise, crie” são ditos para aqueles que querem ressurgir das cinzas e serem vitoriosos algum dia. No entanto, muitas destas pessoas que choram pitangas, nada fazem para reverter o processo em que estão e ficam pondo a culpa em terceiros.
É por isso que estes 5 garotos do Bronx, a parte nada glamourizada e cheia de problemas sociais da cidade de New York, decidem se reinventar, ou melhor, sair da sua zona de conforto e colocar a mão na massa rumo à sua vitória. Como diria a professora de Ezekiel Figuero (o Zeke, um garoto que perdeu os pais tão cedo para a violência urbana norte-americana e é criado pela tia): “Os líderes lideram; os covardes se acovardam”.
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Zeke e seus amigos (Ra-Ra, Dizzee D, Boo-Boo, e mais tarde, Shaolin) não estão sozinhos neste barco. Mylene Cruz  sonha desde sempre em ser uma cantora famosa e acaba impulsionando suas amigas, Yolonda e Wanda para moverem o moinho junto com ela. Mesmo sabendo que cada uma delas terá que gastar muita energia para mudar esta corrente.
O TGD foi criado pelo diretor australiano Baz Luhrmann, famoso por Moulin Rouge (2001), e que teve ajuda do rapper Nas.  Seu orçamento bem ostentador, na casa dos 120 milhões de dólares, foi um dos pontos-chave para que a autenticidade da história fosse bem fiel ao clima daqueles tempos.
E mesmo para quem não se interessa pela música do hip-hop e suas ramificações: rap, break, beat box e outras cositas mais, acaba se deixando levar pela batida (aliás , que batida maravilhosa – prepare-se para levantar-se da cadeira várias vezes). E não é só isso. A série mostra vários núcleos diferentes e que acaba misturando e virando uma batida só. Ou se preferir: cada história parece ser única e facilmente poderia roubar o título principal para si. Sem rodeios.
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Falando em título, a Netflix ousou na ausência de vinheta como seus títulos tradicionais e usou de um artifício que a maioria dos canais da TV a cabo e aberta dos Estados Unidos usa: um resumão dos fatos acontecidos. E ela faz isso no futuro também. Mesmo um dos seis episódios (buáááá!) tendo um nome específico, ela, corta-o e coloca um título de uma história que vai começar dali a pouco. É incrível!
Aliás, a galera roteirista também foi formidável em brincar com as cenas na ordem cronológica das coisas e tornando tudo mais dinâmico, jogando o fato mais próximo do espectador. A cena do surgimento do Shaolin e a gravação da demo de Mylene são dois ótimos exemplos disto.
Mas você pensa que The Get Down é tudo isso só por conta da música? Nada disso, mano. Ela mostra claramente o mundo da máfia, da política, das drogas, da igreja gospel e da busca de identidade do ser humano. E como a arte imita a vida, estes fatos todos estão acontecendo em personagens que se interligam e, muitas das vezes, não conhecem as outras faces do outro. Dá gosto de ver!
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Se você tá chegando aqui só para ver se tem rostinho conhecido, talvez, talvez, se decepcione um pouco. O mais conhecido nesta turma toda é o filho do Will Smith, o Jaden Smith, o Dizzee D, e os veteranos Jimmy Smits (Papa Fuerte), Giancarlo Esposito (Pastor Ramon) e Zabryna Guevara (Mrs Cruz). Os demais fizeram poucos filmes ou outros seriados. Porém, ao final do episódio piloto com 90 minutos de duração (fato inédito no serviço de streaming), você vai já estar bem íntimo de todos. Te garanto!
Então, Netflix, viu como a senhora é maldosa?! Nos deu uma obra- prima destas com apenas seis episódios e agora teremos que exercer um autocontrole (de onde, meu Deus?) e aguentar por nova safra só em 2017. Nunca desejei tanto para que 2017 fosse logo no sábado que vem. Assista e depois me diga se você não está querendo celebrar o dia 31 de dezembro logo amanhã.
Tenha ótimos embalos de muito groove!

Bernardo Moura

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