CRÍTICA | ‘The Titan’ só sobrevive às custas de referências

Leandro Stenlånd

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13 de abril de 2018

O gênero de filmes da ficção científica é algo que me surpreende com o passar dos anos. Em sua maioria, sempre há assuntos referentes às mutações, a vida no espaço e como conquistar outros planetas, entre outros assuntos. Sempre fui aficionado pelo tema, em específico, quanto todos estão dentro de uma nave tentando chegar a algum lugar sabe-se lá onde, como é o caso de “Stargate Universe” e “Star Trek”.

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The Titan é o mais novo filme original da Netflix, cuja produção ficou a cargo de Lennart Ruff, desconhecido no mundo do cinema, mas que trouxe consigo para esta película Sam Worthington e Nathalie Emmanuel como atores de renome. A proposta do longa-metragem não se afasta do que vimos em “Interstelar”, filme de Christopher Nolan: a Terra está próxima de exaurir seus recursos e o clima em 15 anos não estará bom para a existência humana. Com intuito de contornar esta situação, cientistas, ao invés de mandar pessoas ao espaço para procurar um planeta habitável como no filme mencionado, tentam manipular as células humanas para transformar os habitantes em “super terráqueos”, com maior força física, destreza e com o propósito de sobreviver em Titã, a lua do planeta Saturno. Após diversas experiências com soldados que morrem no decorrer dessas tentativas, a maior esperança que eles tinham acaba se tornando maior temor deles. Essas alterações genéticas fazem com que o ser humano vire um ser completamente diferente, com algumas mudanças visuais, desde sua pele, feição, entre outros detalhes que mais lembram um peixe e, em outras ocasiões, um réptil. Esses experimentos causam efeitos colaterais e diversos humanos acabam não conseguindo controlar suas reações.

Fugindo um bocado do foco da trama em si, o desenrolar do longa é bastante lento e não espere ter protagonistas no espaço dentro de uma nave. A película, em sua maior parte, é um drama familiar, no qual as vidas dos protagonistas dependem única e exclusivamente desse pessoal, em sua maioria militares, escolhidos para esse tipo de experimento. Então, praticamente todo a trama gira ao redor deste fator, fazendo com que o desenvolvimento dos personagens, sendo eles protagonistas ou não, seja bastante devagar. Em determinados momentos, confesso que tive vontade de desligar a TV, pois muitas coisas fugiam do sentido do filme. Isso acaba cansando um pouco o espectador e deixando impaciente quem gosta de uma boa ficção científica.

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A motivação por trás dos personagens e vítimas futuras do planeta Terra, que logo será um local inabitável, fazem com que The Titan constantemente apele para clichês de gênero, ignorando a construção de tensão e investindo em imagens “perturbadoras”, como é o caso da pele do personagem começar a soltar dentro da piscina ou visualmente parecerem com uma aberração. Aliás, tudo que me veio em mente no momento da transformação genética do ser humano, foi o cantor Marilyn Manson. O visual de Sam Worthington na cama do hospital passando por cirurgias é muito similar ao cantor norte americano, lembrando até a letra do sucesso dele “The Beautiful People”:

“And I don’t want you and I don’t need you
Don’t bother to resist, or I’ll beat you
It’s not your fault that you’re always wrong
The weak ones are there to justify the strong”

“There’s no time to discriminate
Hate every motherfucker
That’s in your way

Hey you, what do you see?
Something beautiful or something free?”

Há algumas falhas de roteirização em The Titan. A mais cabulosa de todas é quando Abigail, mulher de nosso protagonista, ao ver que seu marido está totalmente modificado e sentindo algumas complicações, decide investigar por si própria o que estão fazendo com ele. Aí, ela consegue pegar na mesa um cartão que dá acesso à uma área restrita. Toda a pesquisa é algo extremamente secreto, então fiquei me perguntando por que não havia um guarda em frente a esta porta, mesmo que houvesse o titular com a credencial? Outra falha no texto é que, se é para criar uma raça que sobreviva em um ambiente inóspito, por que não fazer uma nova raça para sobreviver ao holocausto que a Terrá se tornará? Isso ficou bastante nítido quando percebi que 99% da produção se passaria em nosso planeta e não no espaço como pensei. O filme pouco mostra sobre Titã. Muito é falado e pouco é revelado sobre ele.

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O maior problema do experimento é seu resultado final. A aparência do personagem é estranha e em nada se parece com um humano melhorado. A orelha mais parece com a do Spock, talvez uma breve referência à “Star Trek”. Não faz tanta diferença saber quem é o personagem que Sam interpreta, afinal, sua única função será, no futuro, solucionar os problemas que teremos para sobreviver em outro local no espaço. A informação primordial é que está em risco a sua família e isso entendemos.

Numa outra época, talvez, The Titan funcionaria melhor, mas ele é recheado de clichês e demasiadamente cansativo. Não há um momento chave em que o longa-metragem engrene ou que ao menos tenha aquele momento em que nos faz aplaudir após uma certa cena. A produção só sobrevive às custas de algumas referências à “Interstelar”, “Alien” e “Star Trek”. O que, convenhamos, é muito pouco.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Titan
Direção: Lennart Ruff
Elenco: Sam Worthington, Taylor Schilling, Agyness Deyn, Tom Wilkinson, Nathalie Emmanuel, Noah Jupe, Corey Johnson
Gênero: Drama, Ficção Científica
Ano: 2018
Duração: 97 minutos
Classificação: 16 anos

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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