CRÍTICA | ‘Todo Clichê do Amor’ é “festa estranha com gente esquisita” das mais agradáveis

Bia Merces

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16 de abril de 2018

Uma bola de encher atirada no chão e filmada em câmera lenta, utilizada como metáfora. Ao fundo, uma narradora fala sobre a frequência vibracional do amor. O “zoom” em duas estrelas de papel usadas como tapa-sexo abre para uma das cenas iniciais de Todo Clichê do Amor: a gravação de um filme pornô.

Diretor de ‘Todo Clichê do Amor’ resume filme um como brincadeira disfarçada e diluída na forma

Num primeiro momento, a obra causa estranhamento. Uma maquiadora aparentemente apaixonada por um dos atores faz de tudo para chamar a atenção do amado no set de filmagem. Ele, por sua vez, está discutindo a relação com a namorada pelo telefone. Em outro cenário, Maria Luísa Mendonça, já conhecida por seus papeis dramáticos em novelas, está diante do corpo do marido, em um velório particular, tentando conquistar o afeto da enteada a toda sorte. Grávida e homossexual, a jovem só acredita nos amores retratados nas séries que acompanha.

Também no elenco e em uma trama paralela, a carismática Marjorie Estiano interpreta uma prostituta que sonha em ser mãe. Apaixonada e louca pelo seu parceiro, ela desconta as frustrações em um cliente depois de um desentendimento. Eles passam a noite juntos por engano, e entre desabafos e confissões, conseguem definir melhor os próximos passos. Ela ao lado de Felipe, o ator pornô. Ele ao lado de sua esposa cega, que simbolicamente o fez recuperar o paladar, ausente por causa de uma doença que o impossibilita de sentir o sabor das coisas.

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Na outra ponta, a versátil Débora Falabella interpreta uma simpática atendente de lanchonete. Com o seu incrível carisma conquista um motoboy, que passa a frequentar o estabelecimento como forma de se aproximar do foco de sua paixão. Mas, como nem tudo são flores, existe uma amiga disposta a atrapalhar a relação. Ela faz de tudo para impedir o romance dos dois, se utilizando de forte apelo sexual.

Todo Clichê do Amor é o que se pode se chamar de “festa estranha com gente esquisita”, como em forma de canção dizia Renata Russo, mas que agrada – e muito! Os enquadramentos de câmera, cenografia e cores causam um impacto positivo (e um leve sorriso no canto da boca) ao acompanharmos tantas histórias que fogem do óbvio, mas retratam o que há de mais comum nos relacionamentos: os vínculos afetivos, os desentendimentos (por vezes banais) e a necessidade de amar e ser correspondido.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Direção: Rafael Primot
Elenco: Maria Luisa Mendonça, Débora Falabella, Marjorie Estiano
Distribuição: Enkapothado Filmes / MUK
Data de estreia: qui, 19/04/18
País: Brasil
Gênero: comédia romântica
Ano de produção: 2017
Duração: 83 minutos
Classificação: 16 anos

Bia Merces

Beatriz Merces, ou simplesmente Bia Merces, é uma amante da sétima arte e de todas as formas possíveis de cultura. Fã de obras que não só entretenham, mas que façam pensar, gosta de prestar atenção em histórias e “cores que nem sabe o nome”. Se sente uma espécie de Zé Wilker de saia quando escreve sobre filmes. Formada em jornalismo, já trabalhou como produtora de conteúdo em rádio. É também fotógrafa, por hobby, e fascinada por tudo que a comunicação pode lhe proporcionar!
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