CRÍTICA | ‘Z.A.N.’, uma ideia boa com execução miserável
Cadu Costa
|27 de novembro de 2018
Já ouviram falar daquela expressão “de boas intenções, o inferno está cheio”? Normalmente se aplica quando alguém tenta fazer algo bom e memorável e termina por apresentar uma catástrofe. Apresentamos mais um exemplo: Z.A.N., do diretor Thiago Moyses.
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Em mais um dia de Rio Fantastik Festival, fomos apresentados a esta ficção científica com toques de horror e falada em inglês, e que teve sua primeira exibição no Feratum Film Festival, no México em 2015. A trama gira em torno de um jovem que tem poderes especiais e acredita existir pessoas prontas para matá-lo por conta disso.
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Z.A.N. é uma produção independente sim, mas nem sempre isso pode ser justificativa pra produções fracas. Se fosse assim, não existiriam gênios desde Ivan Cardoso a Rodrigo Aragão, ambos estrelas deste mesmo Rio Fantastik Festival. Isso sem citar outro filme incrível da mostra chamado #ninfabebê. Se eu for falar de um tal Zé do Caixão, aí já vira covardia.
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Mas, enfim, o que Thiago Moyses, diretor brasiliense que hoje mora em Berlim, quis dizer? Bom, Z.A.N. é – ou tenta ser – um filme meio X-Men misturado com “Scanners – Sua Mente Pode destruir” (clássico de 81 do fenomenal diretor David Cronenberg) num universo meio “Akira”, anime premiado de 1988. As referências são ótimas como podemos perceber, o problema é a execução precária de algo mínimo como sentido, por exemplo. Sim, porque nem tudo é dinheiro para se fazer bom cinema. Às vezes, só linearidade é suficiente. O estranho é porque o diretor já mostrou seu talento anteriormente com mais de 10 curtas e 5 longas-metragens na carreira. Um desses filmes é o suspense “Síndrome de Pinocchio”, que obteve destaque em 2009 ao estar entre os 10 finalistas na prévia brasileira do Oscar 2010 para indicação de Melhor Filme Estrangeiro.
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Ou seja, gabarito ele tem e currículo não falta. Faltou acertar a mão neste filme mesmo. Até o andamento do elenco é fraco. Os personagens principais parecem tão sem alma quanto canastrões. Isso sem falar nos efeitos especiais que variam entre ‘não são tão ruins’ à ‘olha, mãe o que eu fiz no Movie Maker’. Fica a tentativa de ter pensado fora da caixinha, mas não ter finalizado da melhor forma. Acontece.
*Filme visto na programação do 3º Rio Fantastik Festival.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Direção: Thiago Moyses
Elenco: João Meira, Roberto Rowntree, Chris Dantas
Estúdio / Distribuição: I-Mage
Data de estreia: ter, 20/11/18
País: Brasil
Gênero: Fantasia/ Horror
Ano de produção: 2016
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos