A mistura carioca da banda Facção Caipira

Prestes a completar uma década de carreira, o power trio carioca Facção Caipira lançou a versão remix de ‘Hoje’, hit que esteve presente no primeiro EP do grupo. Esta releitura fará parte de um futuro disco de remixes, que terá ao todo sete faixas que marcaram a trajetória da banda, tendo a participação de um ou mais convidados em cada canção.

A saber, o grupo que é formado por Jan Santoro (voz), Renan Carriço (bateria) e Vinícius Câmara (baixo), apresenta um trabalho musical ousado e ao mesmo tempo fascinante. Nesse sentido, ao misturarem rock, country, blues e brega, entregam uma sonoridade singular, fruto da originalidade e talento de seus integrantes.

Portanto, o ULTRAVERSO convidou os músicos da Facção Caipira para uma conversa em que falaram sobre o novo projeto, produção durante a pandemia, cena musical carioca e balanço da carreira. Então, acompanhe o nosso bate papo:

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ULTRAVERSO: Com quase 10 anos de estrada, estão se preparando para lançar um EP com remixes de faixas da carreira. Dessa forma, um trabalho comemorativo gera reflexões, portanto, que balanço fazem dessa primeira década?

Vinícius: Foi uma década muito boa, aconteceram muitas coisas, fizemos diversos shows, tocamos em vários lugares, passamos muito tempo juntos, ensaiamos, viajamos e até chegamos a morar na mesma casa também.

Jan: Além das coisas que isso tudo traz, cada um foi entendendo como fazer e como trabalhar com música dentro dessas possibilidades, nós aprendemos juntos. Assim, é bacana ver como hoje fazemos nosso som, encontrando a nossa música, com cada etapa sendo um novo questionamento sobre o que fazemos. Já vivemos muitas coisas para cada vez mais fazer tudo com tranquilidade e ciência, além de se proteger das tretas.

O repertório de vocês é grande, com diversas gravações. Sendo assim, como se deu a seleção das faixas que foram remixadas para esse novo projeto?

Vinícius: Quisemos pegar músicas de todas as fases que tivemos na banda, contemplar cada momento marcante desse tempo todo. Entretanto, acabou sendo um trabalho em equipe, contamos com a colaboração do pessoal do Rev Beats, que estiveram juntos com a gente nessa seleção também.

Jan: Algumas faixas já tínhamos a ideia de colocar, outras foram pintando no meio do caminho, mas estávamos de olho no astral que as músicas já tinham mesmo. Por exemplo, temos um blues, mas cabe fazer um rolê mais eletrônico com ele. Aliás, já vínhamos fazendo isso nos shows.

O remix de ‘Hoje’, que é o primeiro single, tem a participação da cantora Iolly Amancio. Logo, como surgiu o nome dela para essa faixa?

Jan: A Iolly é uma parceira de cena aqui do Rio. Ela é vocalista da ‘Banda Gente’, e nos conhecemos porque trabalhamos com cultura né, moramos na mesma cidade, frequentamos festivais, shows. Eu acho que todo mundo acompanhou o começo do trabalho de todo mundo. Além disso, ela tem um vozeirão lindo, logo me ocorreu a ideia de chamá-la para o remix de ‘Hoje’, colocando sua voz para dialogar com a voz do Renan [vocalista da Facção Caipira]. Vale lembrar que a música é do Daniel Leon, um ex-integrante da nossa banda.

A letra de ‘Hoje’ fala de um relacionamento, mas também pontua sobre o tempo presente. Portanto, qual a importância de viver o ‘hoje’, principalmente na realidade pandêmica que estamos passando?

Jan: Eu acho que é bem difícil dizer, mas acredito que esse momento pede muita solidariedade, principalmente nessa situação de fome e desemprego. Esse é o momento de ter compaixão, de ajudar quem você pode e olhar para o futuro esperando coisas melhores.

Vinícius: Eu concordo com o Jan, é bom pensar no hoje, porque está cada vez mais difícil pensar no amanhã, principalmente no país que estamos vivendo.

Podem adiantar quando será lançada a próxima faixa desse trabalho de remixes?

Vinícius: Provavelmente no fim de outubro vem a próxima faixa remixada.

Jan: Caso não chegue no fim de outubro, virá em novembro.

Teremos o disco completo ainda em 2021?

Jan: Queremos lançá-lo no primeiro semestre do ano que vem, bem no começo mesmo.

Aliás, vocês também fizeram lives durante a pandemia, o que acabou preenchendo um pouco o espaço que os shows tinham. Nesse sentido, como foi produzir música nesse período? 

Jan: Foi bem interessante, fizemos alguns shows online. Foram abertos poucos editais para ajudar as pessoas que trabalham com cultura, e em alguns acabamos sendo contemplados. Entretanto, tocamos em casa, cada um está com um equipamento mínimo para fazer a coisa acontecer, muito longe do ideal, mas é um jeito de manter o contato com o público. Contudo, confesso que está sendo muito difícil fazer música à distância, música precisa de contato, sempre trabalhamos muito juntos, em estúdio, tocar ao vivo faz falta.

Vocês fazem parte da cena de música autoral carioca, que é repleta de artistas independentes. Como tem sido sobreviver nesse circuito alternativo? 

Vinícius: É uma loucura, é difícil para caramba, mas é muito bom também. Porém, estamos juntos com mais gente, bandas, produtores, técnicos. Não é fácil, mas recompensa, falta muito apoio, mas é o que gostamos e queremos continuar fazendo, tem as dores e as delicias, mas sempre vale a pena.

Falando nisso, podem indicar bandas ou artistas que vocês curtem o trabalho e gostariam de ver em mais espaços.

Jan: Kadu Parente (banda Verbara), Juliana Linhares, Iolly Amancio, Duda Brack, Nicole Cyrne, Júlia Vargas, Chico Chico, Rosabege, Canto Cego, Somos Ambulantes, Victor Nogueira, Astrovenga, Bento e Overdrive Saravá.

O estilo da banda é bastante diverso, tem um pouco de rock, country, blues, brega. Afinal, vocês conseguem dizer qual estilo musical define a Facção Caipira?

Vinícius: Essa é difícil dizer, porém é mais fácil colocar a Facção Caipira debaixo do guarda-chuva do rock, as pessoas aceitam com mais facilidade [risos], mas vai muito além disso.

Jan: É rock nacional, dá para botar nesse guarda-chuva mesmo, e tudo o que pode colar nisso, a gente cola, temos uma liberdade incrível de fluir, vamos trilhando sem muita pretensão de soar assim ou assado.

Enfim, acompanhe a Facção Caipira

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!