Ferrari e os homens ambiciosos de Michael Mann
Giovanna Ribeiro
|4 de abril de 2024
Ao falar do cineasta Michael Mann é impossível não lembrar daquele que é, na opinião de muitos, um dos melhores filmes de ação já feitos: ‘Fogo contra Fogo (Heat)’. Mas, é inegável – mesmo admitindo os méritos do diretor – que ao unir Al Pacino e Robert De Niro em 1995, seria preciso fazer um esforço para não dar certo. Definitivamente, seu filme soube aproveitar o material que tinha em mãos. E ainda bem.
Adam Driver
Em ‘Ferrari’, novamente, temos uma batalha de titãs. Ou, a tentativa de se remontar uma batalha entre personagens que são, naturalmente gigantescos. Afinal, estamos falando de alguém real: Enzo Ferrari. Todavia, nesse longa-metragem, o Ferrari de Adam Driver, briga sozinho. E nenhuma das figuras masculinas que o cercam, consegue equilibrar o mesmo nível de tensão, ou seja, bater a bola com ele. E sozinho em campo, ou melhor, na pista, Enzo Ferrari acaba caindo na caricatura italiana que infelizmente nós já o vimos antes, no terrível Casa Gucci.
- ‘Instinto Materno’ é um belo suspense com ótimas protagonistas
- ‘Uma Prova de Coragem’ é um típico filme de Sessão da Tarde
- ‘Dias Perfeitos’ é um drama contemplativo, simples e tocante
Penélope Cruz
A grande oponente de Enzo Ferrari é na verdade, Penélope Cruz. E em cena, Driver encolhe, diante daquela esposa amargurada, complexa, e quase violenta – o que é, em si, uma grande incoerência, mas daquelas que parecem que não foram exatamente propositais. E nessa hora, é Ferrari quem não consegue corresponder no mesmo nível, cravando assim a maior falha do filme: ele é, sobretudo, desproporcional.
Com uma responsabilidade tremenda sob os ombros, está Gabriel Leone. Que não decepciona. Ele entrega uma atuação eficiente, adequada, todavia, sem o brilho do protagonista. Demora muito pro personagem de Gabriel, conseguir mobilizar o enredo para si – e não por falha do próprio. E sim, por escolhas de roteiro, que levam o filme a um outro lugar, bem menos satisfatório.
Saldo positivo
O saldo positivo de Ferrari, está no seu material de origem: os carros. As cenas de corridas conseguem ser impactantes e interessantes o suficiente, para sustentar e justificar os dramas que as atravessam, que nem sempre correspondem à temperatura dos motores Ferrari. Um filme de enredo morno, que não soube aproveitar o calor que uma história tão dramática, potente e em certa medida, trágica, pode oferecer. Faltou o que não poderia ter faltado, em filme de Michael Mann: ambição.
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Trailer – Ferrari
Ficha técnica
Título original: Ferrari
Direção: Michael Mann
Roteiro: Troy Kennedy Martin, Brock Yates
Elenco: Adam Driver, Penélope Cruz, Shailene Woodley
Onde assistir: cinemas
Data de estreia: 22 de fevereiro de 2024
Duração: 105 minutos
País: Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Arábia, Saudita
Gênero: drama, biografia
Ano: 2023
Classificação: 16 anos
Giovanna Ribeiro
Jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF), cursando especialização em Jornalismo Cultural na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Crítica de Cinema pela Academia Internacional de Cinema (AIC). Acredita na comunicação a partir dos afetos.
Créditos Galáticos: 3.5
