Marighella Wagner Moura censura coletiva de imprensa

‘Marighella’: Wagner Moura comenta censura contra o filme em coletiva de imprensa

Marcelo Bastos

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30 de outubro de 2021

Nesta sexta-feira (29), o ULTRAVERSO esteve na coletiva de imprensa de Marighella, primeira empreitada de Wagner Moura na direção de um filme, e um retrato histórico de uma época sombria do Brasil, a ditadura militar, através da figura do guerrilheiro comunista Carlos Marighella, em roteiro adaptado do livro de Mário Magalhães.

Após assistir à sessão exclusiva para os presentes, acompanhamos a chegada de todo o elenco principal. Wagner Moura tomou a palavra e falou um pouco da dificuldade de trazer seu filme Marighella à exibição. Como prova, afirmou ser esta apenas a segunda coletiva do longa, que foi feito em 2019. Entregou também o prêmio de melhor ator em Festival da Índia a Seu Jorge, que vive o protagonista na produção. O ator também recebeu o prêmio em outro festival, desta vez na Itália.

Seu Jorge informou a importância do filme para seu anseio pessoal de reconexão com o país e suas causas, pois vive fora, nos Estados Unidos, há algum tempo. “Precisamos lutar contra as coisas que a gente não concorda”, disse. 

Wagner Moura Marighella censura coletiva de imprensa

Foto: Marcelo Bastos / Ultraverso / Presepada Geek

Mudança de planos e censura

Wagner voltou a falar que pensava em desenvolver um filme mais simples como seu início na direção. Em 2012, Maria Marighella, neta de Carlos Marighella, entregou a ele o livro de Mário Magalhães. Assim, ele decidiu trazer esta história ao cinema, lembrando Jorge Amado: “Retiro da maldição e do silêncio o seu nome de baiano”. O diretor complementa: “Inicialmente eu iria apenas produzir. Mas aí começamos a pensar quem seria o diretor. Teria que ser de esquerda… baiano…, aí comecei a achar que era eu quem tinha que dirigir”. Todos riram. 

O agora cineasta também falou da censura que Marighella vem recebendo. “É um filme polêmico, que foi atacado do começo ao fim, desde a época que resolvemos fazer, financiamento, filmagem, depois lançamento, censura, e agora essa gente louca indo ao IMDb e dando nota baixa ao filme. Mas não poderia estar mais feliz neste momento, que a gente está entregando o filme, falando do filme”

Bruno Gagliasso, que vive o Delegado Lúcio, quando perguntado como conseguiu fazer um personagem que era o mal em pessoa, sem nenhum resquício de humanidade, comentou:

Para mim, foi muito difícil. Eu tenho filhos negros e precisei de ajuda para formular esse personagem racista. O que mais me motivou foi saber que eu estava fazendo parte de um projeto muito maior, não só artístico, mas também político, uma forma de poder ajudar a me encontrar, e hoje vejo o Lúcio que eu fiz em vários lugares, e principalmente porque eles acreditam no que estão fazendo, e isto foi muito doloroso para mim”

Marighella Wagner Moura censura Seu Jorge

Foto: Marcelo Bastos / Ultraverso / Presepada Geek

Conhecer o passado

As atrizes Adriana Esteves, Bella Camero e Maria Marighella também comentaram a importância do papel feminino no filme, assim como a conexão que as personagens tinham com Carlos Marighella. Elas interpretaram, respectivamente, a jovem guerrilheira, a esposa de Marighella e a ex-esposa e mãe do seu filho.

Além disso, o ator Humberto Carrão afirmou: “Precisamos trazer um Brasil mais interessado na sua história. Em outros países, os lugares de tortura são centros de imersão, de pensamento, mas no Brasil ainda são lugares normais, quartéis, e com isso o Brasil continua não conhecendo seu passado. Para isso que o filme é importante.” 

Aliás, Marighella cumpre muito bem esta função. Afinal, traz aos espectadores um pouco de nossa história, de maneira seca e sem concessões, um verdadeiro soco no estômago para aqueles que, hoje, saem nas ruas pedindo o retorno de um dos períodos mais conturbados e tristes de nossa história. Como diria Jesus, que no filme é retratado com raízes negras e de periferia, vamos perdoar, afinal eles não sabem o que fazem.

O longa-metragem chegará aos cinemas no dia 4 de novembro de 2021. Exatamente 52 anos após o assassinato de Carlos Marighella pela Ditadura Militar Brasileira, em 1969. Além disso, haverá realização de pré-estreias a partir do dia 1º de novembro em todo Brasil. Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Marcelo Bastos

Marcelo Bastos é advogado e nerd, dono da página Presepada Geek no instagram.
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