‘Mulan’ comemora 25 anos de estreia nos cinemas

Vanderlei Tenório

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6 de junho de 2023

Lançado no Hollywood Bowl em 5 de junho de 1998, ‘Mulan’ é uma adaptação de um antigo poema chinês que narra a história de uma jovem que assume o lugar de seu pai no exército durante um conflito com os hunos na China Imperial. Disfarçada de homem, a heroína começa a treinar com o capitão Li Shang e se revela uma guerreira valiosa, porém ele descobre sua verdadeira identidade, e isso a faz enfrentar o desafio de provar que uma mulher pode ser a salvadora de todo o império.

Balada de “Mulan”

Aprofundando melhor, Lan Dong, professora do Departamento de Inglês da Universidade de Illinois em Springfield (EUA) e autora de “A Lenda e o Legado de Mulan na China e nos EUA”, no artigo “Mulan: a lenda chinesa que inspirou o novo filme da Disney” para revista BBC HistoryExtra, discorre que na China, Mulan é uma verdadeira heroína. O primeiro registro escrito da história de Mulan remonta às dinastias do norte da China, entre 386 e 581 d.C.

A “Balada de Mulan”, com pouco mais de 300 palavras, conta a história de uma jovem que se disfarça de homem e se junta ao exército no lugar de seu pai, já que não possui um irmão mais velho para cumprir esse papel. Depois de anos de serviço militar, lutando em nome de seu país, ela retorna com honra e recebe as honrs do imperador. Seus pais, irmã e irmão mais novo preparam um banquete para dar as boas-vindas. Mulan troca suas roupas, arruma o cabelo, se maquia e cumprimenta seus companheiros soldados, que ficam chocados ao descobrir que ela é, na verdade, uma mulher.

Mulan 25 anos

Elementos típicos da cultura chinesa

Dong observa que assim como outros contos populares, a lenda de Mulan apresenta elementos típicos, permitindo adaptações e acréscimos de detalhes ao longo do tempo. Ainda sobre a lenda milenar, a pesquisadora sublinha que é importante ressaltar a mensagem subjacente: a transgressão de Mulan ao se disfarçar de homem se justifica pela necessidade de salvar seu pai e servir seu país. Seu sucesso no serviço militar tem o seu reconhecimento, mas, ao final, ela retorna para casa e retoma sua vida como mulher. Dessa forma, sua história é extraordinária, mas não ameaça a estrutura social estabelecida.

Dong resgata que desde a balada inicial, o nome e a história de Mulan foram adaptados e recontados em diferentes gêneros ao longo das dinastias imperiais chinesas. Escritores do país enalteceram as façanhas da personagem, como sua lealdade, virtude e habilidades marciais, ao mesmo tempo em que acrescentavam detalhes vívidos à sua história.

Adaptação da Disney

Dito isso, no contexto das adaptações, sob a direção de Tony Bancroft e Barry Cook e com o roteiro de Rita Hsiao, Chris Sanders, Philip LaZebnik, Raymond Singer e Eugenia Bostwick-Singer, “Mulan”, da Disney recebeu aclamação tanto da crítica quanto do público. No site Rotten Tomatoes, por exemplo, possui uma alta aprovação de 86% por parte dos críticos e 85% por parte do público. Isso destaca a recepção geralmente positiva do filme por ambos os grupos.

Narrativa potente

Sem dúvida, uma das razões para o sucesso de “Mulan” pode ser atribuída à sua narrativa inovadora e envolvente, que apresenta uma protagonista feminina forte e corajosa, desafiando os estereótipos de gênero e lutando por sua família e seu país. A mensagem de empoderamento feminino e igualdade de gênero ressoou tanto com a crítica quanto com o público, resultando em uma recepção positiva e uma base de fãs dedicada.

Cultura chinesa

Outro aspecto que contribuiu para o sucesso de “Mulan” foi a representação respeitosa e sensível da rica cultura chinesa. O argumento de Hsiao, Sanders, LaZebnik, Singer e Bostwick-Singer incorporou elementos da tradição chinesa, desde a música até as vestimentas e a arquitetura, adicionando autenticidade e profundidade à história. Essa abordagem também reforça a importância do fomento à diversidade cultural no cenário audiovisual, que historicamente deu preferência às narrativas europeias e norte-americanas.

Prêmios

Fora isso, a trigésima sexta animação da Disney também foi reconhecida em premiações. Confirmando a qualidade da música presente na produção, a obra de Bancroft e Cook recebeu indicação ao Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora, para Jerry Goldsmith, Matthew Wilder e David Zippel.

Adicionalmente, o filme ganhou 10 estatuetas no prestigiado Annie Awards, uma premiação dedicada exclusivamente a animações, incluindo o prêmio de Melhor Filme. Esses prêmios são um testemunho do impacto e reconhecimento que “Mulan” conquistou no mundo do cinema de animação.

Um ponto fora da curva

Por esse ângulo, apesar de ter estreado há 25 anos, “Mulan” continua sendo uma das produções mais memoráveis da Disney. No entanto, o estúdio tentou capitalizar o sucesso do filme de forma questionável, lançando uma sequência direto para DVD em 2004 intitulada “Mulan II”, que foi mal recebida pela crítica.

Live-action

Ainda, nesse cenário, em 2020, a Disney lançou um remake em live-action, que acabou enfrentando diversos obstáculos, como a pandemia que afetou as bilheterias e críticas quanto à qualidade inferior em comparação ao original. Além de tudo, a empresa de Walt Disney enfrentou repercussões negativas devido à descoberta de que algumas cenas foram filmadas em locais próximos a campos de detenção na China.

A onda dos remakes

Fica evidente que, assim como outros remakes em live-action da Disney, “Mulan” não conseguiu igualar a qualidade do filme original. A tentativa do estúdio de capitalizar o sucesso do filme original com uma sequência direto para DVD e um remake em live-action foi, em suma, uma estratégia mercadológica que falhou em manter o mesmo nível de qualidade artística e narrativa do primeiro filme.

Lucrar a todo custo

Nesse viés, portanto, é importante questionar as motivações da Disney em tentar lucrar com a nostalgia dos fãs de “Mulan”, em detrimento da qualidade artística do filme e da responsabilidade social da empresa. Bem ou mal, a Disney precisa aprender com esses erros e focar em produzir conteúdos de qualidade, em vez de apenas capitalizar o sucesso de suas produções passadas.

Contudo, por fim, é importante ressaltar que não mancharam o legado do filme de 1998 de forma alguma, mesmo que o remake de 2020 não tenha sido um sucesso. A personagem de Mulan ainda é muito popular até hoje, e Ming-Na Wen, que dublou a personagem originalmente, continuou a trabalhar com a Disney em outros projetos, como a participação especial em “Ralph Breaks the Internet” alguns anos atrás.

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Vanderlei Tenório

Vanderlei Tenório é colunista dos jornais Tribuna do Sertão e Gazeta Regional de Jaguariúna, dos portais 082 Notícias e JB Notícias, do Web Jornal O Estado RJ – OERJ, colaborador do portal Repórter Nordeste, da Revista Alagoana, do jornal Tribuna de Itapira e do site português Cinema7Arte, além de editor da página Cinema e Geografia. Siga o jornalista no perfil pessoal, como colunista e em Cinema e Geografia.
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