‘O Exorcista do Papa’ poderia ter sido muito melhor

Não existe coisa pior do que ver um filme de terror e descobrir que o própriose inspiriou em fatos reais. Digo isso, porque o medo entra de um modo pior que o normal. ‘O Exorcista do Papa’ vem contando essa historinha, porém, o único fato real aqui é de que o nosso protagonista, o Padre Gabrielle Amorth, realmente existiu e que realmente tinha a alcunha de o exorcista do papa. Tudo o que vemos aqui é pura ficção e se realmente quer ter medo, não é aqui que vai achar. Leia os livros desse padre, ele realmente afirma que são bons.

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O Padre Gabrielle Amoth (Russell Crowe) é o chamado “exorcista do papa”. A maioria dos casos em que trabalha não passa de problemas psiquiátricos que merecem os cuidados certos de especialistas, mas uma pequena porcentagem realmente são casos de possessões demoníacas. Ao responder o chamado para um provável caso de exorcismo, em plena Espanha, ele, aos poucos, verá que estará mexendo com um dos piores demônios que já se ouviu falar. Além disso, ainda descobrirá um mistério de séculos atrás abafado pelo Vaticano.

Um filme de exorcismo que prefere embarcar na aventura do que no medo

A premissa desse longa foi vista há pouco tempo no filme ‘Exorcismo Sagrado’ de 2021. Se lá, o demônio queria exorcisar Deus do padre, aqui, o demônio quer possuir o padre para se infiltrar no Vaticano. Ou seja, quase a mesma coisa e a motivação era a mesma: se infiltrar no Vaticano. A grande diferença entre os dois é a grana. Se nesse título que citei não havia nenhum ator conhecido e pouco dinheiro, aqui temos Russell Crowe (Gladiador) e uma injeção monetária que faz diferença o suficiente para ser notada.

Sendo justo, Russell Crowe realmente é muito bom e leva tranquilamente esse filme nas costas. A fotografia é bem bonita, a direção até razoável, mas possui um roteiro bem fraco. Esse último ponto negativo peca um pouco, pois claramente temos muitas coisas que são jogadas e não lembradas mais. Será que podem estar pensando em uma continuação? Único motivo plausível para tais furos no enredo. Além disso, ele consegue passar um pano colossal pra igreja católica ao colocar a culpa de atrocidades passadas nos demônios. Bom para essa história fictícia, péssima para a história do nosso mundo real.

Não dá pra colocar toda a culpa apenas no roteiro, algumas escolhas visuais, sonoras e de atuação também podem ser colocadas no barquinho de problemas. Detesto falar mal de crianças atuando, mas o menino que faz o possuído é péssimo. Sua atuação, junta com alguns efeitos especiais duvidosos, e a voz do demônio que parece ter sido tirada de ‘Todo Mundo em Pânico’ (2000), deixa tudo muito pior e nem um pouco assustador. Se a intenção era dar medo, não conseguiu. Em contrapartida, ele nos dá uma aventura que diverte, principalmente no seu ato final.

Conclusão

Em suma, ‘O Exorcista do Papa’ poderia ter sido muito melhor se casos reais de tal padre fossem narrados aqui. Mesmo que colocasse eles de forma mais romanceada. O problema foi ter que aceitar essa conspiração histórica contra a Igreja. Não colou para mim. De resto, ele pode vir a divertir alguém em busca de uma distração passageira e descompromissada. Conheço o meu público e sei que eles podem sair satisfeitos com o que se vê aqui.

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Trailer – O Exorcista do Papa Filme

Ficha Técnica

Título original: The Pope’s Exorcist
Direção: Julius Avery
Roteiro: Michael Petroni, Evan Spiliotopoulos e R. Dean McCreary
Elenco: Russell Crowe, Daniel Zovatto, Alex Essoe, Franco Nero, Peter DeSouza-Feighoney, Laurel Marsden, Cornell John.
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 06 de abril de 2023
Duração: 103 minutos
País: Estados Unidos, Reino Unido e Espanha
Gênero: Terror, Suspense
Ano: 2023
Classificação: 16 anos