Paulo Gustavo Dona Hermínia adeus

Paulo Gustavo, Dona Hermínia e um Brasil sem graça

Ana Carolina Jordão

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5 de maio de 2021

Fenômeno. No dicionário achamos:

“1. Tudo que está sujeito à ação dos nossos sentidos  ou nos impressiona de um modo qualquer (física ou moralmente).
2. Tudo que na natureza é momentâneo e sucede poucas vezes.
3. Tudo que é extraordinário, raro ou novo; coisa surpreendente.
4. Pessoas com dotes extraordinários.”

E foi exatamente assim que Paulo Gustavo passou por todos nós. Como uma força da natureza, sempre com frescor, desabrochando sorrisos nas faces mais carrancudas. Era extraordinário, inovador e tomada a atenção das pessoas com sua narrativa brilhante. Era um imã.
O ator conseguia fazer graça com o cotidiano, com os absurdos do dia a dia, classes sociais, mães e tudo saindo do lugar comum, dando sempre uma nova perspectiva ou, até mesmo, colocando uma lupa gigantesca em problemas sociais travestidos de humor.

Dona Hermínia

Apesar de diversos personagens icônicos como a Senhora dos Absurdos e Valdomiro, da série Vai que Cola, foi com Dona Hermínia que Paulo Gustavo obteve um sucesso avassalador. Primeiro nos palcos, o ator tirou as mães do lugar comum e transformou o cotidiano das famílias brasileiras em um humor inteligente, rápido e cru. O sucesso foi tanto que Dona Hermínia foi alçada ao estrelato absoluto, levando mais de 20 milhões de pessoas as salas de cinema, em três filmes inspirados em sua mãe, Dea Lúcia.
O público foi pego de assalto e a família brasileiro pode se identificar com o seu retrato exposto nas telas. Que mãe não é um pouco Dona Hermínia e que filhos não têm um pouco de Juliano e Marcelina? Que família não tem uma tia Ieza e conflitos no dia a dia, mas que depois é resolvido com amor? Não tinha como dar errado.
Ao conhecermos Dona Déa Lucia, que virou uma celebridade junto com seu filho, pudemos perceber que Dona Hermínia era realmente era fruto de inspiração, mas também do grande amor de Paulo Gustavo por sua mãe. Não à toa, antes da pandemia os dois estavam juntos fazendo um espetáculo por todo o Brasil. Não mais em teatros pequenos – eles não cabiam mais lá -, mas em casas de shows, arenas, sempre com ingressos esgotados e disputadíssimos. Era uma simbiose perfeita, era amor que fazia ser visto e uma conexão sentida a distância pelo público.

Paulo Gustavo Dona Hermínia morte

Foto: Divulgação

Timing perfeito

O timing perfeito de Paulo Gustavo não era só na comédia, mas também na vida real. Em entrevistas ficava evidente que o artista prendia a atenção do público onde fosse com seu carisma brilhante, personalidade arrojada, avassaladora e riso frouxo – ele mesmo ria de suas histórias e via o mundo ao seu redor de forma única, rendendo sempre boas conversas e grandes amizades por onde passava. Era tão amado e querido por todos que era considerado unanimidade.
Não há como negar que Paulo Gustavo foi único. Recentemente nos brindou com um especial de fim de ano do 220 Volts na Rede Globo. Estava prestes a gravar a série Minha Mãe é uma Peça, onde levaria sua mais consagrada personagem a TV aberta, mais um grande feito em sua carreira meteórica. Os planos foram suspensos devido ao coronavírus e todos ficaram na expectativa de, mais uma vez, escapar da realidade dura que vivemos com os textos de Paulo Gustavo. Não deu tempo.

paulo gustavo 220 volts divulgação

Foto: Divulgação

O Brasil perdeu a graça

Durante 52 dias o Brasil ficou com o coração apertado, em orações e vibrações positivas por Paulo Gustavo – e como nos alegramos com o recente boletim que ele havia melhorado, mas logo a notícia mais triste foi recebida. Paulo se foi. Nosso irmão, nosso primo, um familiar próximo – que nem ele sabia ser – levou um pouco de cada um.  Foi a primeira vez que Paulo Gustavo nos fez chorar.
Assim como disse Dona Hermínia no primeiro filme de Minha Mãe é uma Peça, “Quando uma mãe perde um filho, todas as mães perdem um pouco também”. Dona Déa perdeu Paulo, todos nós perdemos grande talento, um amigo. Enfim, o Brasil perdeu a graça.
As cortinas se fecharam e o Brasil aplaude Paulo Gustavo e todas as mais de 400 mil vítimas que Covid-19.
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Ana Carolina Jordão

Jornalista formada pela PUC-Rio. Fotógrafa, Locutora. Editora de Música do Blah. Apaixonada por música e entusiasta da vida. Snapchat: caroljordao1 Instagram: caroljordao2
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