RESENHA | ‘As Cavernas de Aço’ é a antevisão de Asimov sobre autonomia

Adolfo Molina

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23 de maio de 2016

Isaac Asimov e suas três leis da robótica é o arco essencialmente mais respeitado e levado em consideração no universo da literatura de ficção científica. Seu método de analisar o comportamento de robôs perante a sociedade de humanos – e virando a mesa também – não se baseia em argumentos especulativos. Claro que, na época em que Asimov escreveu “As Cavernas de Aço”, que fora no início dos anos 50, não se tinha completa noção de como a tecnologia faria parte do social.

Mas uma mente genial poderia prever e fazer relações atemporais. O livro tem como história duas sociedades. Os humanos e os Siderais, que são robôs extremamente otimizados e lógicos, carregando claramente, as três leis. Há um assassinato de um importante líder científico dos Siderais, responsável por criar as linhas de robôs. Um detetive humano, Eilah Bailey, têm de investigar o crime, tendo como parceiro um Sideral, Daneel Olivaw.

Este é o primeiro livro do Ciclo dos Robôs, onde o autor retratará como os seres humanos lidam socialmente com questões diplomáticas entre robôs, a autonomia deles e principalmente, a questão do receio. O universo se assemelha a uma distopia. Governo e país com tecnologia avançada mas que regula e impõe limite sobre quaisquer condições e privilégios, fazendo com que castas sejam cada vez mais amplas e diferenciadas uma das outras. Em paralelo, há a condição dos robôs substituírem os homens e mulheres nas profissões. A autonomia e a independência, juntamente com os pontos da obediência.

Toda a alegoria social fica pautada em domínios fortes e argumentos sólidos. A narrativa é intensa, técnica, expositiva em quantidade precisa e permite um início de construção de universos e personagens que serão melhores trabalhados além. Contudo, o principal objetivo, indireta ou diretamente, do autor é conjuntar o avanço da tecnologia ao longo da história que viria. Seja a criação de máquinas, da indústria automobilística, da internet ou de IA’s, a predominância do medo fica registrada quando se sente resquícios de evolução.

O livro não se abstém de estudar a mente e a forma funcional e racional de um robô. Mas ela desconstrói a psique humana perante a incontrolável e irrefreável chance de colonização da tecnologia, de sua própria criação.

FICHA TÉCNICA
Livro: As Cavernas de Aço
Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
Páginas: 302
Tradução: Aline Storto Pereira
Revisão: Hebe Ester Lucas

Adolfo Molina

Jornalista hiperativo, estranho e que ama falar e escrever. Sou o que sempre busco ser. Comunicar e mudar as pessoas. Levar o bem através de tudo que amo!
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