RESENHA | ‘Assassin’s Creed – Last Descendants’ tem trama mais robusta e fluida

Italo Goulart

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9 de janeiro de 2017

Assassin’s Creed – Last Descendants, livro escrito por Matthew J. Kirby, carrega grandes detalhes de ambientação e de profundidade de personagens e história. Passamos por algumas épocas interessantes, desde a chegada dos espanhóis em 1519 até o grande Tumulto de Nova Iorque durante a Guerra de Secessão em 1863.

Somos apresentados à uma nova possibilidade de facção que luta pela sobrevivência ao tentar sabotar os planos do Irmandade dos Assassinos e da Ordem dos Templários. No meio dessa confusão está Owen, um adolescente de 14 anos que tenta a todo custo provar a inocência de seu pai acusado de roubo a um banco e que acabou sendo assassinado na prisão. Javier, amigo de infância de Owen, tenta ajudar nessa busca, mas acaba se envolvendo mais do que imaginava. O grande responsável por tudo que se desenrola é Monroe, ex-funcionário da Abstergo (empresa de fachada para a Ordem dos Templários), ele possui uma matriz do aparelho Animus, que é capaz de fazer com que uma pessoa viaje através da história de seus ancestrais a partir de uma amostra de seu DNA. E para fechar o grupo que vai tentar buscar resposta e escondê-las das duas facções estão David e sua irmã Grace, Sean, um cadeirante que viveu a liberdade de andar novamente através da Animus, e Natalya, é uma tímida menina que se envolveu na trama por mero acaso. Juntos eles retornarão a meados de 1860 para tentar achar explicação para tudo que eles se envolveram, todos se misturam entre seus ancestrais Assassinos, Templários e pessoas comuns.

Nesse novo livro, há uma aposta bem mais arriscada, não só por personagens muito novos e sem uma certa maturidade, como também ampliam parte da mitologia já criada na franquia e colocam a possibilidade de simulação compartilhada com vários usuários, ou seja, todos entram juntos e partilham uma mesma experiência. Mas isso pode acabar os colocando em lados opostos e criar alguma intriga e perda de amizade.

Mesmo com tantos personagens, o livro se desenvolve de maneira fácil e de gostosa leitura, cada capítulo cobre a experiência individual de cada um, até que todos se unem num mesmo evento.

Natalya se torna sua ancestral Adelina Patti, uma famosa soprano do século XIX que contraria a personalidade de Natalya, era uma mulher forte, segura e confiante.

Grace encarnou em sua ancestral, que era serviçal de homens brancos, sendo ela uma negra de apenas 17 anos. Seu irmão David era seu pai na simulação e isso a desagradava bastante.

Grace, ao contrário de Natalya, já era uma pessoa determinada de forte, sempre lutando por seu lugar no mundo, e ao se deparar numa situação em que tinha que obedecer ordens e ser tratada de forma desigual, tornava essa experiência ainda mais desagradável. David era um homem calmo e tranquilo, mas com um passado turbulento de ex-escravo,  sabendo tudo ou boa parte do que estava acontecendo com o país naquela época, fazia de tudo para manter seu emprego e sua querida filha a salvo desde que perdera sua esposa há anos atrás.

Javier diferente de sua primeira experiência vivida em um guerreiro tlaxcalteca de meia idade que lutava contra os espanhóis, agora vivia o seu ancestral Templário o Porrete Cormac. Este era um jovem instruído em lutas e táticas copiadas dos Assassinos para ser uma arma contra eles. Era um homem bem alto e forte e pronto para qualquer situação. Javier gostava disso, parecia muito com o que ele era e com o que queria ser.

Sean era Tommy Greyling, um policial robusto e alto que acabara de vir da guerra após levar um tiro na perna que, por sorte, não o incapacitou. Vivia na casa de seu irmão mais velho e sua cunhada, seu irmão era rico, ganhou dinheiro vendendo suprimentos para o exército durante e a guerra. Tommy era um homem compromissado com seu dever como policial, tinha força física e agilidade, coisa que fazia Sean se sentir vivo de novo e quase esquecer que estava preso a uma cadeira de rodas.

E finalmente temos Owen, um assassino experiente da Irmandade. O ágil e letal Varius, assassino com um legado nobre e respeitado por todos, nasceu numa família tradicionalmente de assassinos e perpetua o respeito adquirido de sua família com louvor. O último e único de sua linhagem que atuava em Nova Iorque nesses tempos obscuros.

Em um certo ponto do livro, os personagens mesmo que dualistas, parecem ser únicos. As memórias, as preocupações, as expectativas parecem se tornar homogêneas e quase não há diferença entre o passado e o futuro que lembramos de tempos em tempos. E isso torna mais evidente como as lembranças de seus ancestrais se ligam diretamente aos seus descendentes, fazendo as histórias de dois tempos se tornarem uma. Até todos se adaptarem a seus respectivos ancestrais e curtir a nova sensação, as coisas vão ficando mais complicadas ao modo que eles vão mergulhando mais fundo no passado deles e “revivendo” coisas terríveis de uma época terrível, de preconceito, racismo e intolerância.

Assassin’s Creed – Last Descendants, diferente dos outros livros, não trata só de Assassinos e Templários. Faz uma aposta maior tratando também de heróis de verdade, reais ou não, aqueles que lutaram por um lugar ao sol, mesmo nunca época onde esse sol era somente para outros de outra cor/raça. Fala do amor, que rege os atos mais instintivos em busca da proteção de quem se ama em contraponto da guerra que espalha o sentimento egoísta e ambicioso de muitos.

E não há como não relacionar a semelhança entre os protestos do livro com a atual realidade dos protestos no Brasil. Enquanto uma parcela protesta por algum valor, bandidos disfarçados de manifestantes espalham a baderna e o caos.

Os capítulos do livro seguem uma alternância entre um personagem e outro. Para uma trama tão complexa e divertida, o livro é deveras pequeno, mas completamente satisfatório. A forma como a história de cada personagem se liga é orquestrada de forma a se pensar que foi totalmente por um acaso e espontânea.

Com uma história mais robusta e fluida e participação de personagens históricos e personagens fictícios, a história e a arte se misturam plenamente no novo livro da franquia de games e consegue prender e divertir sem muito esforço.

FICHA TÉCNICA

PESO 0.400 Kg
CÓD. BARRAS 9788501107701
NÚMERO DA EDIÇÃO 1
IDIOMA Português
ANO DA EDIÇÃO 2016
PRODUTO SOB ENCOMENDA Sim
MARCA Galera Junior
I.S.B.N. 9788501107701
ALTURA 23.00 cm
LARGURA 16.00 cm
PROFUNDIDADE 1.40 cm
NÚMERO DE PÁGINAS 252
ACABAMENTO Brochura

Italo Goulart

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