Resenha de livro | Eu, robô, de Isaac Asimov

Adolfo Molina

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24 de fevereiro de 2015

O fascínio do renomado escritor de ficção científica Isaac Asimov pelo mundo dos robôs começou cedo. Mais especificamente, essa atração teve início em 10 de maio de 1939, conforme relata o próprio Asimov. Quando ainda era somente leitor de histórias com robôs, Isaac Asimov se sentia insatisfeito com a maneira pela qual elas eram conduzidas. Segundo ele, nas décadas de 1920 e 1930, era comum que os autores retratassem robôs como seres perigosos que destruiriam seus criadores.  Ao contrário dos seus colegas, Asimov acreditava que a tecnologia não poderia ser vista somente por seus aspectos ruins e que era preciso abordar os robôs por meio de novas perspectivas. Assim, ele começou a desenvolver narrativas mais similares ao que ele gostaria de ler.
Nove dessas histórias foram reunidas em um único livro: Eu, robô. Além de terem essa proposta de abordar características diferentes dos robôs em seus enredos, os contos são interligados também por uma personagem que costura toda a obra. Trata-se da Dra. Susan Calvin, psicóloga roboticista da U.S.Robots and Mechanical Men, Inc. Prestes a se aposentar de uma carreira de 50 anos (ela tem 75), a psicóloga é entrevistada sobre essa trajetória e, consequentemente, sobre o universo da robótica ao longo de todos esses anos. Todos os contos são relatos que possuem alguma ligação com Susan, seja como uma protagonista, coadjuvante etc.
Além disso, o livro irá apresentar as icônicas Leis da Robótica, criadas por Asimov, e que serviriam de orientação para futuras criações de ficção científica com o mesmo tema.  São três leis:
Primeira Lei: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano venha a ser ferido.
Segunda Lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
Terceira Lei: um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei.
Os contos de Isaac Asimov são bem escritos, com uma linguagem bem acessível e enredos instigantes, tornando a experiência de leitura bastante dinâmica. Uma das grandes qualidades desse livro é o fato de que, mesmo que ele seja de ficção científica, não é preciso ser um apreciador do gênero para lê-lo. Inclusive, mesmo quem não possui familiaridade com ficção científica pode se interessar pelo livro, pois o autor escreve sobre robôs de forma inteligente e os personagens envolvidos são dotados de complexidade. Nesse sentido, surgem vários questionamentos acerca da relação do homem com a tecnologia.
Robbie é o primeiro conto de Eu, robô e foi escrito em duas semanas. Quando começou a escrevê-lo, a ideia de Asimov era retratar um robô de uma maneira afetuosa. A história é sobre o relacionamento entre uma babá robô (Robbie) e Gloria, a criança de oito anos pela qual ele era responsável. Enquanto o pai de Gloria não enxerga problemas em ter um robô como babá, a mãe da criança demonstra receio. As passagens entre Gloria e o robô são delicadas e o ponto alto da narrativa, que humaniza Robbie ao não considerá-lo uma mera máquina.
Os outros contos do livro seguem a mesma linha ao problematizar os enredos e acompanham a evolução tecnológica dos robôs. Asimov desenvolve suas histórias com outros personagens que trabalham diretamente com robôs, como a própria Susan Calvin.  Inseridas nos contos, estão as Três Leis da Robótica, bem como as implicações dessas leis no funcionamento das máquinas e no ambiente ao redor delas.
Em um dos contos, por exemplo, um dos robôs é capaz de ler mentes e isso gera situações engraçadas e inusitadas. Embora os contos sejam bem interessantes, há uma certa desigualdade na temática. Robbie é o único conto que enfoca em personagens que não são especialistas em robótica e mostra situações mais cotidianas. O livro ficaria mais rico se tivesse outras histórias que destacassem esse dia a dia de “pessoas comuns” e máquinas, mas isso não prejudica o conjunto da obra.
Ficha técnica
Título: Eu, robô
Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
Tradução: Aline Storto Pereira
Ano: 2014
Especificações: Brochura, 320 páginas

Adolfo Molina

Jornalista hiperativo, estranho e que ama falar e escrever. Sou o que sempre busco ser. Comunicar e mudar as pessoas. Levar o bem através de tudo que amo!
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