RESENHA | ‘Pedra no Céu’ é uma obra genial, de um escritor genial

Milhares de anos no futuro, a Terra é só mais um planeta qualquer na imensidão de mais de 200 milhões de planetas e habitado por cerca de 20 milhões de pessoas, num universo de bem mais de 500 quatrilhões de pessoas.

E é pra essa terra totalmente estranha por um mero acidente-ou acaso-que somos mandados junto com Joseph Schwartz, um velho alfaiate aposentado, que numa fração de segundos foi mandado para um futuro hostil aos terráqueos.

Escrito em 1949 e publicado pela primeira vez em 1950 pelo incrível Isaac Asimov, Pedra no Céu o segundo romance sobre o Império Galático. O primeiro livro “Os Robôs e o Império” explica melhor o por que da terra estar na situação em que encontramos nesse livro, mas garanto que em nada faz falta na narrativa.

No livro, os terráqueos são um povo marginalizado, que por conta da alta radiação da Terra, acredita-se que o contato com eles é muito perigoso, podendo ser até mortal, e por conta desse medo, habitantes de outros planetas não visitam ou não se envolvem de maneira amigável com eles e quando há algum contato, quase sempre é de forma bruta.

Nesse clima ruim que Joseph Schwartz aparece, não sabendo se comunicar(já que a linguagem sofreu mudanças em milhares de anos), sem saber onde está, Schwartz está perdido e sozinho. Entre um passo e outro na calçada da rua, se vê de repente num local desconhecido, seu primeiro impulso, antes de se desesperar, é encontrar alguém para saber onde está, e sai batendo nas portas das casas que encontra, mas sem nenhuma resposta, até que é abrigado por uma família de fazendeiros. Sem a menor possibilidade de se entenderem verbalmente, Schwartz está entregue às mãos e à boa vontade deles.

A Terra e o restante dos outros planetas estão divididos em duas teorias de evolução. O povo da Terra acredita que são o berço de toda a espécie humanoide que habita o universo, enquanto os outros acreditam que cada planeta deu origem a seus respectivos habitantes, e isso só alimenta mais ainda o rancor que existe entre eles, e é aí que entra o arqueólogo Bel Arvardan. Nascido em Sirius, uma cidade que faz parte do Império Galático, fato que por si só o faz ser considerado, teoricamente, superior aos terráqueos, Arvardan crê fielmente que a teoria da Terra é a correta, e vai ao planeta para aprofundar seus estudos e afirmar essa teoria, o que pra ele poderia ser decisivo para acabar com toda a briga que corre em cima dessa questão.

Na Terra, numa cidade chamada Chica (que posteriormente descobrimos que se trata da antiga Chicago) moram o Dr. Shekt e sua filha Pola Shekt, que estão fazendo um aparelho que aumenta de maneira muito expressiva as capacidades intelectuais de quem o usa, chamado Sinapsificador.

A Terra agora é um lugar quase inabitável, tendo que regular friamente o número populacional, e quem faz esse papel são os ditos Anciãos. Para regular melhor isso eles criaram a lei do Sexagenário, que consiste em exterminar todos aqueles que chegam aos 60 anos de idade, por não conseguir mais produzir no campo e virar um peso morto para a sociedade, mas claro que tem alguns que escapam, por exemplo os que fazem parte da politica, da elite e em alguns casos cientistas. Todos os terráqueos têm que ser registrados para que esse controle funcione bem, todos aqueles que tentarem fugir e quem acobertar tal ato é punido com a morte, também são mortos os que tem limitações físicas de qualquer tipo.

A família que abrigou Schwartz é composta por três membros, Arbin Moren, sua esposa Loa Maren e um senhor de idade, preso em uma cadeira de rodas, vivendo clandestinamente chamado Grew. Tendo que trabalhar por três, Arbin e Loa veem em Schwartz a possibilidades das coisas voltarem ao “normal”, decidem  abrigá-lo, mas como tudo é controlado pelos Anciãos, eles ficam com medo e tentam fazer um teste, levando Schwartz para Chica, onde tem um laboratório procurando voluntários para um programa de testes científicos, num tal de Sinapsificador, e a partir desse ponto onde a história de Schwartz, Arvardan, Dr. Shekt e Pola se encontram, num caminho tortuoso de reviravoltas e traições, num complô para destruir toda a galáxia.

Com uma narrativa as vezes confusa, por longas explicações científicas, a trama em nenhum momento deixa o leitor relaxar, com um acontecimento decisivo atrás do outro ao longo das mais de 300 páginas. O livro é uma obra genial, de um escritor genial.