REVIEW | ‘Amnesia Collection’ traz os grandes games da franquia para consoles e não falha em aterrorizar

Pedro Morel

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8 de março de 2017

Trazendo aos consoles uma experiência incrível que era exclusiva ao PC, Amnesia Collection, publicado pela Frictional Games, não falha em surpreender e aterrorizar os jogadores. A coleção contém 3 games ambientados no mesmo universo: The Dark Descent, o primeiro e clássico jogo que tornou a série renomada; Justine, que serve como DLC do game anterior; e A Machine For Pigs, que apesar de ser desenvolvido por um estúdio diferente (Chinese Room), é digno de fazer parte da franquia. Entre grandes acertos e erros ínfimos, o jogo é essencial para quem curte o gênero survival horror.

Ao ler ou assistir uma obra do gênero suspense, um dos pontos que mais atingem o espectador no cerne da aflição é a vulnerabilidade da personagem frente ao caos aliado a uma narrativa que, de forma gradativa, revela a grandiosidade das motivações e circunstâncias. Amnesia é vitorioso em trazer esses aspectos a um jogo e é memorável como referência para grandes jogos que operam com a mesma linha como Outlast, Slender, Alien: Isolation, e mais recente, Resident Evil VII.

Em Dark Descent, há uma pegada que lembra o estilo de Edgar Allan Poe: o protagonista, Daniel, acorda em um castelo sem se lembrar das circunstâncias que o levaram até lá. Por meio de cartas escritas por ele mesmo e de flashbacks, Daniel começa a entender o que ocorreu e os grandes perigos que rodeiam ele. Por meio dessa narrativa, o game apresenta um inventário e puzzles que podem ser resolvidos com objetos encontrados ao longo do caminho. É preciso também estar atento ao estoque de óleo e de tinderboxes para acender velas ou andar com seu lampião aceso, uma vez que a escuridão em excesso pode diminuir o nível de sanidade do protagonista, deixando-o desorientado e suscetível a alucinações.

Além da imersão no game por meio dos efeitos sonoros, detalhes do ambiente, luz e narrativa; um dos elementos que tornam a franquia aterrorizante é, sem dúvidas, a mecânica e design dos monstros dispostos pelo jogo. Só pela aparência já é possível ficar levemente incomodado com os inimigos, mas se essa característica é aliada à imersão do game e à vulnerabilidade do protagonista, o suspense se torna máximo. Os jumpscares raramente são programados, na maioria da vezes o jogo casualmente propicia um encontro com essas criaturas. Outro detalhe é que não há nenhuma forma de combatê-los, é preciso se afastar da luz, fugir e se esconder em um armário ou atrás de algum móvel.

Quanto à duração dos games, pode-se dizer que apenas Dark Descent e A Machine For Pigs são jogos “inteiros”, apresentando de 5 a 6 horas de gameplay, enquanto Justine serve mais como DLC do primeiro jogo, dispondo apenas de 30 minutos a uma hora de diversão (e medo), apesar disso o game é uma adição bem-vinda ao universo de Amnesia. Tratando-se do terceiro jogo, pode-se dizer que ele se inspira muito nas características do primeiro, porém, falha em apresentar elementos novos. A história é boa e cativante, se passando ainda no passado, mas em um período com eletricidade já existente. Com essa ambientação lovecraftiana, a escuridão excessiva e a gestão do óleo para o lampião do primeiro jogo é substituída por uma clareza tranquila e despreocupante. Também, sem inventário, os puzzles são mais fáceis e o jogo parece muito mais um “walking simulator”. Nem por isso A Machine for Pigs pode ser considerado leve, uma vez que os sustos e a imersão no universo, apesar de reduzidos, continuam divertindo e constituindo uma experiência digna de recomendação.

Os gráficos não são perfeitos, sendo possível perceber com clareza alguns objetos pixelados; e esse seria um ponto interessante de ser trabalhado na passagem do PC para o PS4. Entretanto, isso definitivamente não constitui um problema para o game, uma vez que a imersão permanece a mesma com ou sem essa melhoria gráfica. Os efeitos sonoros são impecáveis, do derrubar de uma cadeira ao barulho arrepiador dos monstros, o jogo não falha nesse ponto e entrega efeitos sólidos, coerentes e que são utilizados à favor da imersão.

VEREDICTO

Em suma, o game é recheado de acertos e possui problemas ínfimos, de elementos com potencial não aproveitado a detalhes gráficos que não incomodam. Sob essa perspectiva, Amnesia Collection se consagra como um projeto que reúne, aprimora e finaliza a franquia Amnesia com maestria. Para aqueles que nunca jogaram e para aqueles que sentem saudades dessa referência dos games de survival horror, fica minha recomendação máxima à experienciar e se amedrontar com um jogo imersivo, intrigante e aterrorizante.

TRAILER

Pedro Morel

Um quase estudante de engenharia mecânica. 17 anos. Carioca. Admirador do Carl Sagan. Toca piano e joga video-game nas horas vagas enquanto espera ansiosamente por The Last of Us 2.
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