REVIEW | ‘Ghost Recon Wildlands’ é original em diversos pontos e consegue atingir mais acertos do que erros

Pedro Morel

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13 de março de 2017

Produzido pela Ubisoft e participante da renomada franquia Tom Clancy’s Ghost Recon de tiro tático em terceira pessoa open world, Wildlands leva o grupo militar de elite dos Estados Unidos à uma Bolívia fictícia e explora a temática do narcotráfico. Diferente de The Division, o game novo da franquia de fato entrega o que foi prometido sem downgrades significativos e com inúmeros avanços que agradam e realmente solidificam uma sensação de progresso e correção de erros. Ainda assim, o jogo não é perfeito e apresenta problemas desagradáveis, porém, que não comprometem a jogabilidade e muito menos a diversão.

A Bolívia de Santa Blanca

A história de Ghost Recon Wildlands se passa numa Bolívia fictícia, na qual um narcotraficante extremamente influente chamado El Sueño conseguiu montar uma infraestrutura sólida que garantia à ele imunidade em relação ao governo e poder absoluto em suas regiões de controle. Seu sonho é criar o Estado de Santa Blanca, um narco-Estado comandado por ele no qual as circunstâncias legais de sua situação passariam de “ignoradas pelo governo” para legítimas, garantido à ele poder absoluto.

É aí que entra o grupo de elite Ghost Recon, tentando assegurar a manutenção integral do governo boliviano por meio da desmantelação do sistema criado por El Sueño. Assim, apesar de pequena, a equipe possui vantagens tecnológicas e táticas que vão auxiliar nesse processo de desestruturação do narcotráfico. No gameplay isso é feito de forma não-linear, o que é muito interessante, uma vez que é dada a possibilidade de fazer diversas missões diferentes que te aproximam de um sub-chefe. No beta foi apresentado apenas uma província, enquanto o jogo possui 20 províncias, algumas maiores, outras menores, cada uma com um sub-chefe.

O sistema ainda se complexifica mais já que cada indivíduo de importância está atrelado a uma das 4 áreas que compõem a estrutura de El Sueño: produção, exportação, segurança e influência. Dessa forma, a vastidão de possibilidades para desmantelar esse império é certa, e a ordem apenas depende de você. Outro aspecto extremamente positivo é o fato de que cada sub-chefe é único em sua personalidade, tornando ainda mais interessante o processo de aproximação e investigação

A regra é: não há regras

Uma das características mais fascinantes em Wildlands é a forma como o gameplay pode ser moldado de acordo com as suas preferências e experiência. Com uma equipe que te acompanha de forma integral no jogo, é possível realizar diversas ações que estabelecem uma estratégia específica ao se aproximar de um inimigo. Ou seja, os comandos e escolhas de aproximação e ataque cabem à você.

Essa diversidade de possibilidades também é auxiliada pelo mapa de grandes dimensões do game, que apresenta um contraste entre inúmeras províncias, de desertos de sal planos à regiões de montanhas íngremes e vegetação densa. Assim, o mapa também molda a forma como você escolhe a estratégia de aproximação, as armas e os equipamentos.

O game também dispõe de um sistema de upgrades interessante, porém, que não oferece uma árvore de melhorias grande o suficiente para o gameplay mudar imensamente. Elas definitivamente auxiliam, mas não são significativas ao ponto de te diferenciar de um outro jogador que tenha optado por outras opções, no final são meros detalhes. Outro ponto interessante que é bem explorado pelo game é a customização das armas, característica clássica da franquia que não foi diferente em Wildlands.

Outro elemento que contribui imensamente para diversificar as estratégias e o gameplay é a existência de um grupo rebelde que te auxilia sob seu comando, assim como a sua equipe. Entre fornecer as coordenadas para um tiro de morteiro à chamar uma carona, os rebeldes representam uma aliança significativa tanto no modo história quanto no decorrer prático do jogo.

Repetitivo e problemático na medida do aceitável

Apesar dos acertos aprazíveis do game, há alguns erros que incomoda, porém, não comprometem o ritmo do game. O mais nítido é provavelmente a repetição excessiva de objetivos: se aproximar de uma área, chegar ao objetivo furtivamente ou aniquilando todos os inimigos e em seguida interrogar, roubar, hackear, matar ou até explodir algo ou alguém. A variedade de inimigos também não ajuda, uma vez que o jogo dispõe apenas de 3 tipos de inimigos: normais, snipers e brutos (mas todos morrem com a mesma quantidade de tiros praticamente). Uma das características que conseguem salvar nesse quesito é o contraste das áreas, produto de um mapa diverso e bem feito.

Outro ponto negativo é definitivamente a física de alguns veículos, como carros que parecem leves demais e simulações de queda de carro ladeira abaixo que entram em conflito com o detalhe natural excessivo do game, gerando desconfortos como um carro atravessando árvores e arbustos sólidos.  Mas um dos maiores problemas é o helicóptero, que além de ser problemático de se controlar, é um elemento de importância no game que deveria ter seus controles mais bem trabalhados.

Online: se era ruim, fica bom; se era bom, fica incrível

Apesar das falhas e dos problemas do game, alguns pontos compensam e o online definitivamente é um deles. Substituindo a equipe de suporte por jogadores reais, o game se torna muito mais dinâmico e divertido. O stealth passa a ser muito mais gratificante e interessante, uma vez que é o produto da cooperação de todos os jogadores envolvidos. Todos estão aptos a ajudar e a trazer sugestões que aliviam situações de sufoco, e por esse motivo, a comunicação é a base do modo online.

Decerto, outro aspecto interessante é a forma rápida como as partidas públicas são criadas e os servidores sólidos e estáveis de Wildlands. Assim, problemas como lags ou conexões falhas são raros no game.

Gráficos impecáveis e trilha sonora trabalhada na medida

Nesse ponto a franquia Ghost Recon realmente se superou e a Ubisoft entregou um jogo com gráficos que foram prometidos. Se existiu algum downgrade, foi pequeno ao ponto de ser imperceptível, diferentemente de The Division. Dos detalhes ínfimos da vegetação local às paisagens inóspitas dos desertos de sal da Bolívia, cada detalhe de luz, cor e textura foi minuciosamente trabalhado visando à uma experiência única numa terra contrastiva e cheia de perigos.

A trilha sonora também não falha em manter o ritmo do jogo acelerado e emocionante, mas também apresenta toques da temática em momentos calmos do gameplay que te possibilitam aproveitar as paisagens e os pequenos momentos. Os efeitos sonoros em geral também não possuem muitos defeitos, sem fugir do genérico, são suficientes e dignos do jogo.

O veredicto

A franquia Ghost Recon retorna com vários avanços e com uma temática extremamente interessante e que foi super bem explorada. Com mais acertos do que erros, o game propicia experiências únicas em uma Bolívia dominada pelo narcotráfico com uma vicissitude constante. Essa vivacidade, ainda mais com a dinâmica do modo online, torna o gameplay extremamente agradável e digno de atenção do público de gamers. Apesar da repetitividade e das mecânicas desagradáveis, o jogo compensa com sua beleza gráfica e jogabilidade geral, sendo assim, merecedor de recomendação.

Ghost Recon Wildlands foi analisado pela equipe do Blah Cultural no console PlayStation 4. O game nos foi gentilmente cedido pela Ubisoft.

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Pedro Morel

Um quase estudante de engenharia mecânica. 17 anos. Carioca. Admirador do Carl Sagan. Toca piano e joga video-game nas horas vagas enquanto espera ansiosamente por The Last of Us 2.
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