REVIEW | Perfeito em cada detalhe, ‘The Witcher 3: Wild Hunt’ se consagra como um dos melhores jogos da geração

Pedro Morel

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16 de maio de 2017

São poucas as obras que trazem consigo um universo cativante, sólido e extenso; nas quais cada detalhe é perfeitamente trabalhado e inserido em um contexto geral. Obras que conquistam os espectadores de tal forma que a imersão na experiência se apresente como única a cada minuto; com histórias, personagens, ambientes e momentos originais e inesquecíveis. Desenvolvido pela CD Projekt RED, The Witcher 3: Wild Hunt maneja não ser somente esse tipo de obra, mas também muito mais. 

Para cada escolha, um resultado

Em um mundo com ares medievais no qual monstros aterrorizam a vida cotidiana, witchers foram “criados” para combater as mais diversas criaturas malignas e manter a ordem social. Em essência são crianças órfãs ou retiradas de suas casas forçadas a passar por testes, treinamentos tortuosos e mutações a fim de se tornarem combatentes aptos a realizar alguns feitiços, beber poções com os mais diversos efeitos (que seriam letais a humanos comuns) e combater monstros. Entretanto, com o avanço da política e com o passar da mentalidade das pessoas, witchers se tornaram excluídos da sociedade e odiados por muitos. Em meio a toda essa decadência, surge um dos últimos e mais poderosos witchers, Geralt de Rivia.

Com o passar de dois games da série, Geralt é apresentado em The Witcher 3 como um homem de muita experiência. De forma resumida, nosso protagonista recupera lembranças anteriores aos dois primeiros jogos e está a procura de Yennefer, uma feiticeira e companheira amorosa de Geralt. A história que se desenrola a partir disso apresenta todo um universo emocionante e momentos inesquecíveis, sendo que cada escolha possui um impacto na forma como o enredo se desenrola.

Um ponto surpreendente do jogo é a complexidade do mundo que é apresentado ao jogador. São criaturas, poções, feitiços, regiões, grupos, impérios; cada um com detalhes sólidos e coerentes que aumentam imensamente a imersão nesse universo. O tempo investido buscando entender alguns desses detalhes é totalmente recompensado pela gratidão de jogar e se deleitar com a percepção de que todos os momentos do jogo pertencem a esse cenário maior. A “Complete Edition” traz ainda 16 DLC’s, dentre esses: Hearts of Stone e Blood and Wine, que completam a história e o universo de forma surpreendente.

Duas espadas: uma para pessoas e a outra para monstros

Já no âmbito da jogabilidade, o jogo não falha em aproveitar essa vastidão técnica do universo do game para aplicar na prática. Isso é visto pelo game com o saber de que feitiços são mais efetivos contra um drowner, que óleo aplicar na espada antes de lutar contra um animal selvagem e que poções seriam ideais usar antes de combater um grifo.

É uma característica que se casa perfeitamente com essa vastidão do universo.

O jogo também dispõe de inúmeras quests e contratos, fora as missões da história, que podem ser encontradas em cada cidade do game. Outro fator extremamente positivo é a originalidade de cada missão, sempre contando uma história nova e única, diferente de outros open worlds com objetivos repetitivos. Paralelo a isso, The Witcher 3 traz um dos melhores sistemas de combates já vistos pela indústria de games; com ataques com espada, besta e feitiços, o jogo estabelece mecânicas sólidas e fluidas.

Como se essa conjuntura não fosse suficiente, o game também apresenta um sistema incrível de crafting e customização. De plantas comuns à couro de draconídeo, é interessante ver o senso de exploração e conhecimento acerca da utilidade de cada item ir crescendo à medida que o jogador evolui, uma vez que o jogo é imensamente facilitado com a utilização correta e coerente de poções, óleos e decocções. Outro sistema que se apresenta igualmente bem feito é o de upgrades do personagem, sendo possível focar em 3 formas de jogar principais: combate, feitiçaria e alquimia.

Outro ponto extraordinário no game é o tamanho dos mapas que, diferentemente de alguns jogos que apresentam terrenos vastos e repetitivos, The Witcher 3 dispõe de um cenário trabalhado dos mais pequenos detalhes. Com criaturas, quests e recompensas espalhadas pelas terras do game, a sensação de imersão e de estar em apenas uma parte de um mundo inteiro é ainda maior.

Nitidez, naturalidade e nuances.

Como se já não bastasse apresentar um jogo que leva sua história e sua jogabilidade à fronteira da boa qualidade, os gráficos também seguem a mesma linha. Em alguns games de mundo aberto, há o costume da artificialidade excessiva nas expressões dos NPC’s durante diálogos. The Witcher 3 foge completamente dessa tendência ao dar a devida importância à qualidade do aspecto visual dos momentos mais tensos e grandiosos do game aos momentos mais singelos e tranquilos.

Outra característica que também merece ser mencionada é a perfeição com a qual a combinação dos efeitos visuais e sonoros se casam para tornar suscetível uma imersão incomparável. Do som dos ventos que passam pelas florestas ao pôr do sol alaranjado e quente, cada detalhe é perfeitamente trabalhado a fim de tornar fascinante os momentos mais simples da sua jornada.

Quanto à trilha sonora, não há elogios que possam definir a obra que se insere dos momentos mais emocionantes aos mais calmos. A forma como ela consegue ser única e original cria um senso de identificação com o game que poucos jogos conseguem fazer. Da mesma forma que Gustavo Santaolalla aumentou consideravelmente a intensidade de cada cena em The Last of Us com a sua música, a trilha sonora de The Witcher 3 é empolgante nos momentos de adrenalina e tranquilizadora em momentos casuais.

O VEREDITO

Em suma, The Witcher 3: Wild Hunt é um divisor de águas na história dos games, mostrando uma combinação de atributos levados à uma perfeição máxima nunca vistos antes em outros games. É difícil de concatenar elogios, uma vez que chegam a faltar frases que possam descrever a genialidade da obra sob uma ótica holística. É simplesmente um jogo que muda sua perspectiva acerca do quão bom um produto pode ser. Um jogo que finaliza a épica história de Geralt de Rivia, que deixa saudades e que sempre estará guardado na memória daqueles que tiveram o prazer de experienciar essa jornada.

The Witcher 3: Wild Hunt foi analisado pela equipe do Blah Cultural no console PlayStation 4. O game foi gentilmente cedido pela CD PROJECKT RED .

TRAILER

Pedro Morel

Um quase estudante de engenharia mecânica. 17 anos. Carioca. Admirador do Carl Sagan. Toca piano e joga video-game nas horas vagas enquanto espera ansiosamente por The Last of Us 2.
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