‘Viveiro’ e o nosso papel na sociedade de consumo

Dentre todas as aves parasitas, o Cuco certamente é das mais conhecidas. Adaptando seus ovos a um formato próximo ao de outras aves, sua fêmea coloca-os no ninho de hospedeiros. Ao nascer, o filhote de Cuco empurra os demais ovos ou companheiros de ninho para fora, passando a ser alimentado pela mãe incauta.

No filme Viveiro (Vivarium), incluído no catálogo do Amazon Prime Video, Tom (Jesse Eisenberg) e Gemma (Imogen Poots) formam um casal à procura de um lar. Indo parar numa imobiliária com um corretor pra lá de estranho, que os acompanha a um subúrbio onde casas de cor e arquitetura idênticas parecem se estender ao infinito. Quando deixados lá sozinhos, não conseguem sair e voltam sempre à mesma casa.

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Inspirações surrealistas

Com inspirações surrealistas, o diretor Lorcan Finnegan expõe a vida suburbana e suas casas superficiais usando iluminação e até mesmo nuvens artificiais num estranhamento crescente.

Principalmente com a chegada de um bebê que o casal deve criar para se libertar e que cresce como um sujeitinho de fala empolada e grito tenebroso nas suas solicitações, referência à ave mencionada logo no início do filme.

Solicitações que irão consumir Tom e Gemma num ciclo monótono, desgastante e insalubre daqueles que devem cumprir seu papel na sociedade de consumo até que só reste o ninho vazio.